Características dos Selantes

"Todo profissional ligado à indústria do vidro já precisou usar selantes, seja para vedação, seja para colagem."

Todo profissional ligado à indústria do vidro já precisou usar selantes, seja para vedação, seja para colagem. Porém, alguém já se questionou sobre estar optando pelo produto mais adequado para determinada aplicação? Quando se fala de selantes, imaginam-se produtos que servem para vedação, e de fato todos eles têm esta função. No entanto, para ser  considerado adequado para essa finalidade, o produto precisa apresentar alguns pré-requisitos bem definidos. Por definição, um selante é uma composição elastomérica que reticula à temperatura ambiente e é usada para calafetação, colagem ou isolação de dois substratos. Por ser um elastômero, isto é, uma borracha, tem como principal característica sua elasticidade.
1. ELASTICIDADEA elasticidade é a principal vantagem de um selante, e se define como sua capacidade de movimentação, ou seja, de resistir a movimentos cíclicos de alongamento e compressão nos trabalhos da junta, sem descolar dos suportes.
O selante precisa, portanto, acompanhar todas as variações dimensionais que uma junta sofre, em decorrência das dilatações e compressões causadas pelas mudanças de temperatura. Necessita também acompanhar os movimentos estruturais dos substratos em que é aplicado, devido à pressão dos ventos, vibrações etc.
Alguns selantes têm características bem específicas, como, por exemplo, pouca elasticidade. Estes são considerados adesivos mais adequados para fixar, de forma firme, um substrato no outro. Em outros casos, ao contrario, o selante pode ser muito elástico e esticar até mais de 100% sem se desprender dos materiais em que foi aplicado. Tudo deve ser definido de acordo com o tipo de trabalho que dele se vai exigir.
Para fabricar um aquário, por exemplo, o selante deve ser muito rígido e pouco elástico, de forma a unir firmemente um vidro ao outro. Se a finalidade for a junta de dilatação de uma ponte, onde a vibração e as dilatações térmicas são significativas, o selante deverá ser muito elástico e esticar com facilidade, para não forçar as áreas de adesão. Quanto mais elástico, mais fácil será alongá-lo e melhor será a performance de sua aderência. Esta força necessária para alongar o selante com corpos de prova definidos por normas é chamada de módulo de elasticidade.
2. ADERÊNCIADepois de definir sua capacidade de movimento, outra característica importante do selante é sua aderência ao suporte. Não basta ser elástico, ele tem que aderir corretamente aos substratos com os quais está em contato. Uma boa adesão confere ao selante a capacidade de unir os materiais, tornando-os compatíveis um com o outro, o que garante a vedação ou fixação.
Esta adesão é de suma importância: tanto no caso de colagem quanto para uma simples vedação, o selante une os dois substratos e elimina a possibilidade de infiltrações. A correta aderência aos materiais, obviamente, vai depender do tipo de selante usado e de sua compatibilidade com os materiais com os quais vai reagir quimicamente.
São muito comuns os casos de descolagem, simplesmente porque não houve compatibilidade entre o selante e o substrato. Nem todo selante de silicone, por exemplo, vai aderir corretamente a plásticos como policarbonato ou acrílico. Alguns devem ser formulados para este tipo de aplicação. Alguns selantes, como poliuretano, têm excelente comportamento no concreto, mas podem falhar em contato outros materiais. Os selantes são formulados para aderir a vários tipos de materiais, porém nenhum deles consegue ter boa fixação em todos os substratos, em razão da influência de certos insumos em sua formulação.
3. COMPATIBILIDADEAlém da boa aderência aos suportes, é necessário que o selante também seja compatível com eles. Isto é, os compostos químicos do produto não podem agredir atacar a área de contato do substrato. Isto inibe a performance da adesão e mais cedo ou tarde o selante se desprenderá.
É de conhecimento geral, por exemplo, que não se deve aplicar um selante de silicone acético em concreto. Isso porque, na hora da reticulação, o gás que se desprende do silicone é o ácido acético. Este ácido ataca o concreto, que é alcalino, formando um sal na área de contato entre os dois produtos que prejudica muito a força da adesão.
4. DURABILIDADEA qualidade de um selante se mede pela sua resistência aos agentes climáticos. Certas composições duram mais do que outras, sobretudo em função das matérias primas básicas utilizadas. A massa de vidraceiro, por exemplo, em poucos meses perde sua maciez e endurece, perdendo totalmente sua flexibilidade. Por essa razão, deixa de acompanhar as dilatações às quais são submetidos os substratos, trincando e abrindo espaço para infiltrações.
Alguns selantes são mais sensíveis que outros à ação dos raios ultravioleta, degradando-se, craquelando e tornando-se rígidos com o passar dos anos. É por esse motivo que algumas aplicações recomendam o uso exclusivo de certos tipos de selantes. É o caso da colagem de vidro, a chamada técnica de colagem com silicone estrutural. Este tipo de selante é o único recomendado, devido a seu grande poder de adesão e sua inércia aos agentes atmosféricos, com resistência aos raios UV, calor, maresia e ozônio. Neste caso, a química do silício leva nítida vantagem sobre a química do carbono.

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